segunda-feira, 24 de setembro de 2012

“ Pais Terceirizados “

Existe uma maneira de não gastar tempo com filhos, basta não os ter. Mas parece que alguns pais, bem mais moderninhos, descobriram outra forma de criar filhos gastando o mínimo de tempo: a terceirização.
     Uma das características do século XXI é a terceirização, ou seja, passar para terceiros a realização de determinadas tarefas. Para evitar trabalho e dores de cabeça, contrata-se uma firma especializada que irá cuidar de certos setores. Chegamos a ponto de terceirizar até a criação dos nossos filhos!
     O que deveria ser um apoio para os pais na formação do ser humano acabou tomando o lugar deles, veja só:
     A educação, tanto acadêmica como a formação ética e moral, foi passada para as escolas. Nas reuniões de pais, as escolas andam pedindo a ajuda destes para que os alunos cumpram com seus compromissos escolares, respeitem os colegas e funcionários... e os pais respondem com um pedido de socorro:
     “Eu não sei mais o que fazer com este menino, façam o que quiserem!”
     Ao ser chamada na escola do seu filho pela quarta vez, uma mãe alegou que não tinha tempo para o filho porque estava trabalhando muito para lhe proporcionar uma vida melhor.
     Os cuidados diários foram transferidos para os irmãos mais velhos, tios, e até para os vizinhos, que dão uma “olhadinha” na criança de vez em quando. Sozinhas em casa muitas se sentem inseguras e abandonadas. Soube de uma mulher que foi para os Estados Unidos e deixou a filha de quatro anos com o pai. A criança disse que a mãe foi ganhar dinheiro e vai mandar um celular para ela. Parece que a filha aprendeu rápido a lição que a mãe lhe ensinou: coisas valem mais que pessoas.
      A formação do caráter agora é eletrônica: a tela e os jogos cuidam disso. Muitas meninas se vestem e agem imitando toda a sensualidade das animadoras de TV; maquiagem e “cantadas” nos meninos já são comuns. Os garotos falam e se portam seguindo os modelos que têm de violência e desrespeito; chutam, batem e quebram.
      A educação moral e cristã já virou função da igreja. Pais cristãos levam as crianças para as classes bíblicas a fim de descansarem de mais essa responsabilidade.
      Todos esses serviços e pessoas podem representar ajudas preciosas e têm seu papel na formação das personalidades, mas nunca deveriam tomar o lugar que cabe aos pais.
     A falta de tempo nos levou a isso...
     A psicóloga Lídia Weber, em entrevista à revista Veja do dia 02/06/04, disse: “Educação é trabalho. Se você tem um relatório para entregar no dia seguinte, vira a noite mas o faz. Por que muitas pessoas não têm esse empenho quando se trata de educar suas crianças?”
      Realmente nossos valores estão se invertendo. Hoje o que vale é ter mais, e nem tanto ser mais. Precisamos entrar em estado de alerta!
      Conheço também mães e pais que, apesar de precisarem realmente passar boa parte do tempo trabalhando, sabem como investir nos filhos um tempo de qualidade. Têm conhecimento de onde eles estão, com quem andam, como estão indo na escola, o que lhes dá alegria, o que lhes entristece; enfim, conhecem seus filhos. Amam, disciplinam, sabem dar os limites necessários. Quando têm dúvidas, procuram ajuda com pessoas e literaturas adequadas, sem, no entanto, transferirem a terceiros a missão de educar seus herdeiros.
     O que seu filho mais precisa é de você. Não dá para ser pai e mãe por correspondência ou só por telefone. Educar é relacionar. Relacionar requer tempo, energia, paciência, negação de si mesmo. E, por outro lado, produz caráter, alegria, equilíbrio, saúde, felicidade.
     Não dá para terceirizar a responsabilidade da educação dos filhos, pois foi o próprio Deus que a delegou aos pais:
“Que todas estas palavras que hoje lhe ordeno estejam em seu coração. Ensine-as com persistência a seus filhos. Converse sobre elas quando estiver sentado em casa, quando estiver andando pelo caminho, quando se deitar e quando se levantar.” (Deuteronômios 6.6,7 – NVI.)
      “Pais, não irritem seus filhos, antes criem-nos segundo a instrução e o conselho do Senhor.” (Efésios 6.4)

     Nada é mais importante que a educação dos seus filhos! Nem carreira, nem bens materiais, nem a pia sempre limpa. Crianças precisam de pais que as amem o suficiente para investir tempo nelas, amá-las e dar-lhes limites e liberdade na dose certa para serem felizes.
     Que Deus lhe dê amor, sabedoria e coragem para educar seus filhos como eles precisam ser educados. Invista neles. É sua missão e vale a pena!


Texto de Alexandra Guerra extraído de seu livro "Infância, o Melhor Tempo para Semear." Editora Betânia

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

CNBB, envia nota de pesar pelo o falecimento de Dom José Rodrigues

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulga neste domingo, 9 de setembro, nota oficial pela morte do bispo-emérito de Juazeiro (BA), dom José Rodrigues de Souza. O texto, assinado pelo Secretário-Geral da entidade, dom Leonardo Steiner, destaca a atuação do bispo a favor dos excluídos e pobres.

A seguir, a íntegra da nota:
Brasília, 09 de setembro de 2012
SG. Nº. 0832/12

NOTA DE PESAR PELO FALECIMENTO DE DOM JOSÉ RODRIGUES DE SOUSA

 

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) manifesta seu pesar pela morte do bispo emérito de Juazeiro (BA), dom José Rodrigues de Sousa. Após longo período de internação, em Goiânia (GO), o bispo veio a falecer na madrugada deste domingo, 9 de setembro.
Dom José Rodrigues nasceu em Paraíba do Sul (RJ), em 1926. Aos 12 anos, ingressou no Seminário Santo Afonso, em Aparecida (SP). Professou como membro da Congregação do Santíssimo Redentor em 1946, e fez a preparação para o ministério presbiteral em Tietê (SP), onde foi ordenado em 1950.
       Atuou, por longos anos, na equipe de missões itinerantes dos redentoristas. Houve tempo também para os estudos: fez especialização em Catequese e Pastoral, na Bélgica. Foi Superior Vice-Provincial de Brasília (hoje, Província de Goiás) por quatro anos. Em 1974, foi nomeado pelo papa Paulo VI como bispo de Juazeiro (BA).
       Seu episcopado teve a marca forte da atenção aos mais pobres. Logo ao chegar a Juazeiro, entrou na defesa dos atingidos pela construção da usina hidrelétrica de Sobradinho. Também prestou especial atenção às pastorais sociais em sua diocese. Preocupado com a formação dos agentes pastorais e a comunicação, foi pioneiro ao criar um Setor Diocesano da Comunicação Audiovisual, com uma biblioteca com 45 mil volumes.
       Junto ao Regional Nordeste 3 da CNBB, acompanhou a Comissão Pastoral da Terra e a Pastoral da Juventude do Meio Popular. Foi presidente nacional do Conselho Pastoral dos Pescadores. Sua biografia foi publicada por um jornalista na Alemanha, com o justo título de “O bispo dos excluídos”. Em 2003, ao renunciar ao governo da diocese por motivos de idade, passou a viver na comunidade redentorista da cidade de Trindade (GO).
       Seu lema episcopal, “Enviou-me a evangelizar os pobres” define o seu propósito de vida como religioso e pastor de nossa Igreja. Que sirva de inspiração para aqueles que também desejam trilhar o caminho do Reino de Deus. Aos familiares de dom José, aos Missionários Redentoristas, à diocese de Juazeiro, expressamos nossa solidariedade, iluminados pela Palavra do Evangelho: “Se o grão de trigo que cai na terra não morre, fica só. Mas, se morre, produz muito fruto” (Jo 12,24).
 

 

+Leonardo Ulrich Steiner      
Bispo Auxiliar de Brasília                                                                                                                                                                    
Secretário Geral da CNBB

Celebrações no Velório de D. José Rodrigues

Entre as 12h e às 14h - Chegada do corpo na Catedral. 

Momento de Oração com Salmos.

  • 15h- Terço da Misericórdia
  • 18h-  Santa Missa
  • 20h- Santa Missa

Em seguida os grupos ficarão em vigília

  • 22h - Terço dos Homens
  • 23h - R.C.C
  • 00h - Apostolado do Coração
  • 01h -  Coração Eucarístico
  • 02h - E.C.C
  • 03h - Legião de Maria
  • 04h -Vicentinos
  • 05h - Rosário
  • 06h - Shalom, Mãe Imaculada,
  • 07h - Santa Missa
  • 09h - Missa da Despedida- Em seguida o corpo seguirá para o Centro de Diocesano de Carnaíba do Sertão, onde haverá na capela a encomendação.

 

    • Pe. Josemar Mota
    • Pároco da Catedral

Morre, o Profeta do Semiárido

Dom José Rodrigues

D. José José Rodrigues foi o homem certo, no lugar certo, na hora certa. Quando chegou a Juazeiro para ser bispo, a barragem de Sobradinho estava em construção. Então, ele assumiu a sorte dos relocados, depois dos pobres em geral e nunca mudou. Chegou em 1975.

Aqui era área de segurança nacional, regime militar, ACM governador, prefeitos nomeados pelo presidente da república. Não havia partidos, nem organizações populares. Então, com poucos padres e religiosas, chamou leigos para apoiar os 72 mi relocados. Assim, a diocese foi durante muito tempo o abrigo para cristãos, comunistas, ateus, qualquer um que movido pela justiça assumisse a causa do povo.

Depois enfrentou o período das longas secas. Criou pastorais populares. Fez o opção radical pelos pobres e comunidades eclesiais de base. Usava as rádios e seu poder de comunicação para defender os oprimidos pelo peso dos coronéis e do regime militar.

Quando um gerente do Banco do Brasil foi seqüestrado, ele aceitou ser trocado. Ficou sob a mira dos revólveres por dias, começando sobre a ponte que liga Juazeiro a Petrolina. Depois visitou seus seqüestradores na cadeia e ainda fez o casamento de um deles.

Abrigou na diocese toda convivência com o semiárido, muito lembrado nesses tempos de estiagem. Por isso, quando a ASA fez um de seus encontros nacionais, quis fazê-lo em Juazeiro para homenagear esse profeta do semiárido.

Costumava contar que recebeu muitos presentes quando chegou e foi reverenciado pela elite. No terceiro ano ganhou três camisas. No quinto ano ganhou de presente uma única camisa dada por uma prostituta que freqüentava a escola Senhor do Bonfim, trabalho feito junto às prostitutas da cidade.

Quando foi embora saiu com toda a mudança que trouxe: uma mala que cabia uma muda de roupas – que ele lavava todas as noites para vestir no dia seguinte – e seu livro de oração.

Na celebração de despedida afirmou na catedral: “nunca trai os pobres, nem em época de eleição”.

D. José faleceu nessa madrugada, dia 9 de Setembro, em Goiânia, comunidade redentorista de Trindade, para onde foi depois de 28 anos em Juazeiro.

Seu corpo será transladado para Juazeiro na segunda-feira, onde será enterrado. Aqui, sua memória jamais será esquecida por aqueles que com ele conviveram, sobretudo, pelos em situação de pobreza, nos corações dos quais ele reside.

 

Roberto Malvezzi

domingo, 9 de setembro de 2012

Bispo de Juazeiro, emite nota de pesar pelo o falecimento de D. José Rodrigues

A Diocese de Juazeiro-BA, através de seu Bispo diocesano, Dom José Geraldo da Cruz, torna pública a triste notícia do falecimento de seu Bispo emérito, Dom José Rodrigues de Souza, de 86 anos, acontecido às 04h30 da manhã deste domingo (9), no hospital Santa Mônica, em Goiânia (GO).
Depois de uma cirurgia para tratamento de uma hidrocefalia (acumulação de líquido na cavidade craniana) o bispo teve seu estado de saúde agravado e não resistiu, vindo a falecer na madrugada de hoje.
O corpo, embalsamado, será velado na Igreja Matriz de Campinas de Goiânia onde, na manhã do dia 10, haverá Missa de corpo presente. Os restos mortais de Dom José Rodrigues seguirão, em seguida, para Juazeiro, em companhia de três Padres de sua Congregação.
Dom José Rodrigues será velado na Catedral durante a tarde e a noite do dia 10. Na parte da manhã do dia 11, terça-feira, haverá Missa de Exéquias e seu sepultamento será realizado no cemitério do CTL de Carnaíba do Sertão.
Aproveitamos para manifestar nossa gratidão a Deus pela vida e pelo fecundo ministério episcopal que dom José Rodrigues realizou à frente de nossa diocese por quase trinta anos e também a todos que nestes dias de seu sofrimento uniram-se a nós em oração.
Juazeiro, 09 de setembro de 2012

Dom José Geraldo da Cruz, a.a.
Bispo de Juazeiro

 

Breve Histórico de Dom José Rodrigues.

Dom José Rodrigues que ficou conhecido como o “o Bispo dos Excluídos”, por sua atuação de líder católico e combatente de causas sociais, em defesa dos mais pobres, na região do Vale do São Francisco ao longo de décadas, foi também membro honorário, e premiado, da Associação Bahiana de Imprensa (ABI)

Dom José nasceu no Estado do Rio de Janeiro, em 1926. Foi professor de português no Seminário de Aparecida (SP), e entre 1966 e 1968 fez o Curso de Especialização em Catequese e Pastoral em Bruxelas. Voltando ao Brasil, trabalhou nas Missões em São Paulo, Minas, Paraná e Amazonas.

Em 1970 foi eleito Superior Provincial dos Missionários Redentoristas de Goiás e Distrito Federal.

Em 1975 foi ordenado Bispo e nomeado para a Diocese de Juazeiro.

Na ocasião, a construção da Hidroelétrica de Sobradinho tinha desalojado 72.000 pessoas. Dom José entrou logo na luta em defesa dessas pessoas. Foi a primeira das muitas lutas pelos direitos dos pobres do sertão na qual ele se envolveu, enfrentando inclusive a ferocidade da ditadura militar.

Sua capacidade de luta, seu sentimento de solidariedade com o povo excluído e sua intransigência na defesa dos direitos humanos, fizeram que ele fosse freqüentemente acusado (pelos mais favorecidos, é claro,) de ter uma atuação mais política que religiosa.

Desde que chegou a Juazeiro promoveu nove Pastorais Sociais (da Terra, da Criança, da Juventude do Meio Popular, da Mulher Marginalizada, da Saúde, dos Pescadores, Carcerária); criou o Setor Diocesano da Comunicação Audiovisual, com uma Biblioteca com 45.000 volumes, equipamentos de produção de rádio e televisão, jornalismo impresso, uma locadora com 2.000 títulos de vídeos para escolas e professores além de 3 programas de rádio semanais.

Foi o criador do projeto Cisternas Caseiras (para armazenar água de chuva), de tanto sucesso que o Ministério do Meio Ambiente pretende copiá-lo.

Dom José já prestou depoimento em numerosas CPIs, como aquela - sobre a grilagem na Bahia em 1977; na Comissão da Bacia do São Francisco em 1978, quando falou nos problemas causados pela construção da Barragem de Sobradinho – e na do Terror em 1981 entre outras.

Dom José participou de numerosos debates sobre a seca e a fome no nordeste.

Membro da Associação Bahiana de Imprensa durante seis anos seguidos Dom José recebeu o Troféu Mandacaru de Ouro, criado por um grupo de jornalistas da Bahia para homenagear os destaques do ano em política, economia, arte, cultura e religião.

Em 1992 publicou-se sua biografia em alemão, já traduzida e publicada e sob o título “O Bispo dos Excluídos: Dom José Rodrigues”.

Começou na Diocese de Juazeiro a ideia de construção de cisterna para captação de água de chuvas, que virou política publica do governo federal. Ideia de D. José.

A Pastoral da Mulher Marginalizada, criada por D. Tomaz, teve a sua consolidação no bispado de D. José.

“O corpo de Dom José Rodrigues será embalsamado e trasladado para Juazeiro, de avião, devendo chegar na próxima terça-feira, dia 11. No aeroporto, ele ficará a cargo de uma empresa funerária que o transportará para a Catedral, onde será velado durante um período conveniente e, após Missa de corpo presente, será levado ao Cemitério de Carnaíba do Sertão, onde repousará. Passado o período legal (cinco anos), uma parte de seu corpo será colocada numa urna e depositada no Mausoléu que será feito na Catedral, ao lado do Altar de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro”, informou recentemente no site da Diocese, o Bispo Dom José Geraldo da Cruz..

 

Nota sobre o falecimento de Dom José Rodrigues

"Quem crêr em mim ainda que esteja morto viverá" (Jo 11, 25). Caros amigos da imprensa, é com pesar que comunico o falecimento de Dom José Rodrigues de Souza, bispo emérito de Juazeiro-BA, ocorrido hoje as 4:15 da madrugada. Os procedimentos já estão  sendo tomados para a liberação de seu corpo e vinda para Juazeiro. Rezemos ao Pai de bondade que acolha no seu Reino este seu filho que buscou ser fiel nesta vida a Palavra de Jesus.

Pe. Josemar Mota

Pároco da Cateral

Vigário Geral da Diocese

CNBB, envia nota de pesar pelo o falecimento de Dom José Rodrigues

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulga neste domingo, 9 de setembro, nota oficial pela morte do bispo-emérito de Juazeiro (BA), dom José Rodrigues de Souza. O texto, assinado pelo Secretário-Geral da entidade, dom Leonardo Steiner, destaca a atuação do bispo a favor dos excluídos e pobres.

A seguir, a íntegra da nota:
Brasília, 09 de setembro de 2012
SG. Nº. 0832/12

NOTA DE PESAR PELO FALECIMENTO DE DOM JOSÉ RODRIGUES DE SOUSA

 

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) manifesta seu pesar pela morte do bispo emérito de Juazeiro (BA), dom José Rodrigues de Sousa. Após longo período de internação, em Goiânia (GO), o bispo veio a falecer na madrugada deste domingo, 9 de setembro.
Dom José Rodrigues nasceu em Paraíba do Sul (RJ), em 1926. Aos 12 anos, ingressou no Seminário Santo Afonso, em Aparecida (SP). Professou como membro da Congregação do Santíssimo Redentor em 1946, e fez a preparação para o ministério presbiteral em Tietê (SP), onde foi ordenado em 1950.
       Atuou, por longos anos, na equipe de missões itinerantes dos redentoristas. Houve tempo também para os estudos: fez especialização em Catequese e Pastoral, na Bélgica. Foi Superior Vice-Provincial de Brasília (hoje, Província de Goiás) por quatro anos. Em 1974, foi nomeado pelo papa Paulo VI como bispo de Juazeiro (BA).
       Seu episcopado teve a marca forte da atenção aos mais pobres. Logo ao chegar a Juazeiro, entrou na defesa dos atingidos pela construção da usina hidrelétrica de Sobradinho. Também prestou especial atenção às pastorais sociais em sua diocese. Preocupado com a formação dos agentes pastorais e a comunicação, foi pioneiro ao criar um Setor Diocesano da Comunicação Audiovisual, com uma biblioteca com 45 mil volumes.
       Junto ao Regional Nordeste 3 da CNBB, acompanhou a Comissão Pastoral da Terra e a Pastoral da Juventude do Meio Popular. Foi presidente nacional do Conselho Pastoral dos Pescadores. Sua biografia foi publicada por um jornalista na Alemanha, com o justo título de “O bispo dos excluídos”. Em 2003, ao renunciar ao governo da diocese por motivos de idade, passou a viver na comunidade redentorista da cidade de Trindade (GO).
       Seu lema episcopal, “Enviou-me a evangelizar os pobres” define o seu propósito de vida como religioso e pastor de nossa Igreja. Que sirva de inspiração para aqueles que também desejam trilhar o caminho do Reino de Deus. Aos familiares de dom José, aos Missionários Redentoristas, à diocese de Juazeiro, expressamos nossa solidariedade, iluminados pela Palavra do Evangelho: “Se o grão de trigo que cai na terra não morre, fica só. Mas, se morre, produz muito fruto” (Jo 12,24).

 

+Leonardo Ulrich Steiner      
Bispo Auxiliar de Brasília

Secretário Geral da CNBB

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Oração do Casal

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           Homem e mulher, que deixam pai e mãe, partem rumo ao belíssimo desafio da vivência da unidade, contando com a graça de estado do matrimônio. "Aquilo que Deus uniu, não o separe o homem" (Mc 10,9).

            Só Deus é uno, só a Ele pertence o caráter de ser único, portanto, somente Ele pode transmitir a unidade aos que O buscam e n'Ele crêem... "Que todos sejam um; como tu, ó Pai, estás em mim e eu em ti, que também eles estejam em nós" (Jo 17,22).
O matrimônio é um sacramento celebrado pelos cônjuges e abençoado pela Igreja, na pessoa do sacerdote. Porém, é essencial que ambas as partes, homem e mulher, tomem consciência de que, desde a bênção nupcial, a unidade entre eles se faz perfeita.

            Percebe-se então, com clareza, que esse sacramento não é uma sociedade humana. Tampouco o é um simples reconhecimento, por parte da Igreja, de um casal que já vivia junto e passa a viver sob a bênção de Deus. Desde o princípio, o homem e a mulher foram criados para serem unidos e viverem o mistério da unidade em Deus. Unidade semelhante àquela vivenciada pela Santíssima Trindade. É a experiência mística de aprender a amar ao seu "próximo mais próximo", como a si mesmo.

            Nesse relacionamento, no qual Deus gera a unidade, existe continuamente uma batalha espiritual a dois. Um cônjuge está sempre erguendo o outro no momento de uma possível queda, pois o Senhor nunca permite que ambos caiam ao mesmo tempo. Os cônjuges vêem a imagem de Jesus Cristo nas suas faces e, assim, aprendem a amar-se. No entanto, se existe uma batalha espiritual no relacionamento matrimonial, se o inimigo de Deus tenta de todas as maneiras destruir os casamentos, faz-se necessário que os esposos estejam sempre muito bem armados para se defenderem.

           No mundo hodierno, dificilmente os cônjuges têm consciência do que é o matrimônio. Normalmente, quando surge uma situação mais difícil ou mesmo uma pequena discordância de idéias, ambos reagem humanamente, e, tantas vezes, assumem posturas precipitadas, ignorando as armas que Deus põe em suas mãos, por conta do sacramento do matrimônio.

          Os casais têm a missão de fazer seu matrimônio cada vez mais santo. Para que esse objetivo seja atingido, faz-se necessário uma labuta incansável, como na lapidação de uma pedra bruta, do diamante, para que ele, transformando-se em "brilhante", reflita Jesus Cristo para todos os que o cercam e d'Ele têm sede.

          A vida espiritual é dinâmica. O Espírito Santo é a "espada santa" de todo casal. Quantas palavras incompreendidas e duras podem ser trocadas entre os esposos que ainda não sabem que sua união é sinal vivo e eficaz de Jesus! Portanto, um casal precisa orar junto, tendo em vista o carisma de sua unidade. Homem e mulher, tornados um pelo sacramento do matrimônio, necessitam rezar unidos. Essa oração não pode ser apenas pessoal, ela precisa acontecer com o casal. A perfeita unidade da alma e do corpo cultiva-se pela oração.

        Quantas vezes os casais propagam sua unidade intelectual e física, mas não experimentaram ainda a união de suas almas! Uma harmonia perfeita no casamento deve ser fundada e alicerçada em Jesus.

          O casal que, reconhecendo sua pequenez como pecadores, mas sua grandeza por sua filiação divina, colocar-se totalmente carente e despojado diante da única e verdadeira fonte de amor e sabedoria e lá derramar suas almas, viverá plenamente as graças de sua unidade. "Quando dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, eu estou no meio deles" (Mt 18,20).

         A oração do casal o leva a perceber que seu matrimônio não se situa mais no plano humano. Esse modo de orar aprofunda pois a unidade do casal no mistério da unidade divina. Se a oração do casal é algo tão maravilhoso, frutuoso e que tanto agrada ao coração de Deus, por que não acontece sempre? Muitas vezes, sob a desculpa de sono ou cansaço, os cônjuges são confundidos pelo inimigo de Deus e as justificativas, parecendo legítimas, adiam ou impedem que a graça se derrame mais e mais sobre eles.

        Um casal unido em Jesus terá uma família fundada na Rocha. Satanás tenta impedir essa harmonia. Ao casal cabe enfrentar essa batalha com a espada santa do Espírito e prostrar-se diariamente aos pés da cruz do seu Redentor, para clamar por sabedoria e unidade, gemer pela graça de poder perdoar-se mutuamente e, acima de tudo, de se amar de modo verdadeiro.

         Os esposos que oram juntos, que recebem a Eucaristia em conjunto, fazem frutificar seus talentos e nutrem-se espiritualmente. Não mais caminharão tendo o mundo e seus valores como modelo, mas sim, Cristo, e, com destemor, enfrentarão todas as batalhas e desafios advindos do fato de viverem no mundo, sem a ele pertencerem.

Maria Adília Ramos de Castro Fonte:

Comunidade Shalom